Baila uma folha no ar.
Cai uma fruta no chão.
A fruta pratica suícidio.
A folha, levitação.
Para dar seu show de outono,
o plátano talvez precise
que o vento toque um blues
enquanto faz striptease.
O vento cassou das folhas
o direito à amplidão.
Lamentam, nos galhos, os pássaros.
Cantam os sapos, no chão.
Com esse ouro-laminado
que tem o Guaíba no outono
quando o sol quer se sentar
as águas lhe servem de trono.
Das folhas faço uma cama,
das samambaias cortinas.
E quando o riacho cantar
só para te amar, menina.
A primavera tem quinze anos,
o inverno tem setenta.
Vinte anos o verão,
o outono tem quarenta.
Nesse outono tão azul
tão de leve o tempo avança
que as horas não correm, dançam
enquanto o tempo descança.
Poesia: Luiz Coronel
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