quarta-feira, fevereiro 10

O Céu

O céu é lugar para viver e para assoviar, cantar e morrer. É espaço feito para dar às pessoas um lugar no qual olhar para baixo, vendo todas as outras. É sempre fresco, desperto, claro e frio, pois quando a nuvem cobre o céu ou preenche o lugar onde o céu deveria estar, ele desapareceu. O céu é lugar onde o ar é gelado e a gente o respira, vive-o, desejando-se que fosse possível flutuar, sonhar, correr e brincar por todos os dias da vida. O céu está ali para todos, mas só uns poucos o procuram. É feito, todo ele, de cor, de calor e frio, de oxigênio e folhas de floresta, ar doce, ar salgado, ar cristalino e fresco que nunca foi respirado antes. O céu chia em volta de nós, afagando e zumbindo sobre nossa cabeça e rosto, e entra em nossos olhos, entorpece-nos nas orelhas a friagem que é áspera e clara. Dá para bebê-lo, mastigá-lo, engoli-lo. Dá para arrancar os dedos na passagem do céu e do vento rijo. Ele é nossa própria vida, dentro de nós, por cima de nossa cabeça e por baixo dos pés. Grita-se uma canção e o céu a arranca, retorcendo-a, fazendo-a dar cambalhotas pelo ar líquido e duro. Dá para subir até o alto dele, cair enquanto ele se contorce e irrompe em volta de nós, saltar, usar braços abertos, arranhando o ar com os dentes. Ele segura as estrelas de noite, com tanta força como segura o sol incandescente durante o dia. Nós gritamos, uma gargalhada de alegria, e a batida do vento lá está presente para levar a gargalhada a mil milhas de distância.....

Richard Bach

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